Julinho não via a hora de ir para o quintal estrear a bola nova que seu tio lhe trouxera de presente.
Carregava-a debaixo do braço, de um lado para o outro, inquieto.
– Papai, por que é que eu não posso ir para o quintal mesmo? – pergunta o menino, pela centésima vez.
– Porque já é noite filho. Amanhã eu te acordo cedo e nós brincamos juntos, ok? – responde o pai com toda a paciência do mundo.
– Mas papai, não tem luz no quintal? – interpela o garoto, com uma das mãos na cintura.
– Tem sim filho, mas é tarde e o barulho vai incomodar os vizinhos. – justifica o pai.
– Ah, mas eu não vou chutar forte. Eu só vou fazer umas embaixadinhas. – insiste o garoto.
O pai, vencido pelo cansaço, diz que ele pode sair por alguns minutos apenas.
– Só para “matar a vontade”!
Julinho mal ouve as últimas palavras do pai e já se atira porta afora, com a bola chutada a frente, quase acertando Bob, o cachorro, que corre para sua casinha, assustado.
Corre de um lado para o outro, elétrico.
Quase derruba um vaso e a bacia de roupas.
A mãe grita sem parar:
– Cuidado com isso! Cuidado com aquilo!
O menino é pura felicidade chutando a bola nova, que nem ouve o pai chamando uma, duas, três vezes para que ele entre e vá para o banho.
A bola vai, a bola vem, a bola sobe e desce, até que um chute mais forte faz a bola quicar e bater na quina da parede,
Ah não! Ouve-se um estrondo e a bola cai no chão, murchando rapidamente.
Julinho está parado com as mãos na cabeça, sem acreditar no que aconteceu.
– Minha bola nova! – choraminga o menino.
Olhando para o pai parado à porta, pega a bola, agora totalmente murcha e caminha em sua direção.
– Dá para consertar? – pergunta envergonhado.
– Hum, deixe-me ver. Acho que sim. Mas amanhã nós vemos isso, tudo bem? – diz o pai, carinhoso.
– Obrigado pai. Eu devia ter deixado para brincar amanhã, como você me falou. – completa cabisbaixo o menino.
O pai o abraça e entram juntos. Agora Julinho vai tomar banho e dormir. Amanhã é outro dia!
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