Sempre que minha madrinha vem me visitar, traz um presentinho. É assim desde… Ah, desde sempre, acho!
Ih, esqueci! Olá, eu sou a Clarice e tenho nove anos!
Eu, minha mãe e meu pai, moramos em uma casa pequena numa rua bem calma de uma cidade no interior do estado.
Minha madrinha já é bem velhinha. Eu acho que ela tem quase cem anos!
Ela não mora na cidade. Acho que o nome de onde ela vive é um tal de Sítio Esperança.
Eu já fui visitá-la uma vez.
É tudo muito calmo – até demais!
O banheiro fica do lado de fora da casa e o único conforto é a luz elétrica. Água nas torneiras só tem se ela ligar um motor que puxa do poço.
À noite a diversão fica por conta de um rádio velho que faz mais barulho do que outra coisa. Televisão não tem.
Na cozinha o fogão é à lenha e quando a madeira acaba, ela tem que ir procurar no meio do mato.
Durante o dia a gente tem que passar repelente por causa dos pernilongos e na hora de dormir, ela coloca uma tela em volta da cama.
O chão da casa é de madeira e quando a gente anda faz um barulho estranho. Eu que não ando sozinha pelo corredor de noite!
Nas paredes tem algumas fotos velhas e amareladas de gente que eu acho que já morreu.
Bom, mas eu estou me lembrando de tudo isso, porque estamos na rodoviária esperando ela chegar.
Depois de muito tempo, encosta um ônibus todo empoeirado e a primeira pessoa que sai dele é a minha madrinha.
Como sempre ela está usando um vestido florido comprido, que quase cobre os seus pés.
Sorriso no rosto, apesar da viagem longa e cansativa no ônibus velho.
– Nossa, como cresceu a minha menina! – exclama feliz ao me ver.
Corro e dou-lhe um abraço bem apertado.
Mal termino o carinho e já vejo um pacote bonito que ela me oferece.
– Acho que você vai gostar! – diz esperançosa.
Os presentes dela sempre me surpreendem. Ela já me deu tanta coisa diferente…
Abro o pacote com cuidado, retirando o laço e me apaixono de imediato!
– Que linda! É uma boneca de pano!
Olho para minha mãe, que está encantada com ela.
– Eu mesma que fiz com retalhos e enchimento de palha de milho picada – diz minha madrinha orgulhosa do trabalho.
Como eu e minha mãe não dizíamos nada, pois admirávamos cada detalhe da boneca, ela continuou:
– Os olhos são de botões… A maquiagem é de verdade! Os cabelos são feitos com fios de lã desfiados.
– Nossa Ivete, mas é muito bonita mesmo! – elogia mamãe.
No caminho de volta não prestei atenção em mais nada, só admirando minha nova boneca.
– Nenhuma das minhas amigas tem uma boneca assim. Elas vão enlouquecer quando conhecerem a Ana Luiza… – pensei.
– Ana Luiza? Que graça esse nome – disse minha madrinha mais tarde, depois que lhe contei o nome escolhido.
Quando papai chegou à noite, ficou todo emocionado em ver a boneca.
Ele me contou que quando era pequeno, sua mãe fazia bonecas com sabugo de milho para sua irmã. A bola com que ele jogava futebol, era feita com uma meia velha cheia de mato seco.
Deitada antes de dormir, agarrada à Ana Luiza, fico pensando que não precisamos de muito para sermos felizes.
Quando eu iria imaginar que uns pedaços de panos costurados à mão, cheios de palha, poderiam me fazer tão feliz?
Realmente o papai tem razão quando diz que nós precisamos agradecer o que temos, mesmo que nos pareça pouco.
Com certeza nunca um brinquedo novo vai conseguir me deixar mais contente do que a minha boneca de pano.

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