O quartinho dos fundos sempre gerou uma certa fascinação e muita curiosidade em Erick.
Na verdade ele está mais para um barracão feito com um monte de retalhos de madeira, coberto por aquelas telhas do tipo Brasilit.
Lá dentro todo tipo de cacareco*, como pneus velhos, latas, brinquedos quebrados e outras coisas, misturados com as ferramentas do pai do garoto.
A porta fica sempre fechada com um trinco bem alto, justamente para que ele não entre. Como tem pilhas de coisas por todos os lados, os pais tem medo que ele se machuque.
Só que agora Erick já alcança o trinco, mas não ousa abrir a porta sem permissão do pai. Ele limita-se a olhar por algumas frestras das paredes e imagina as maravilhas que irá encontrar, o dia que puder explorar aquele local.
Acho que hoje vai ser o dia!
Seu pai está apertando os parafusos da sua cama e pede à ele que vá até o quartinho buscar uma chave de boca número dez.
– É igual a essa… Olha aqui onde está escrito. Essa aqui é a número doze… – diz o pai, que continua:
– Você vai encontrá-la presa na parede. Pode pegá-la para mim?
Fazendo cara de “Era tudo o que eu queria na vida“, Erick acena positivamente com a cabeça e sai.
Conforme vai atravessando o quintal e chegando mais perto do quartinho, seu coração começa a acelerar.
– Até que enfim vou entrar ali sozinho! E vou entrar porque o meu pai pediu! – pensa.
A mão até treme enquanto ele levanta o trinco.
Quando a porta abre ele se sente o próprio Indiana Jones prestes a explorar um lugar desconhecido.
Ao entrar, a poeira e as teias de aranha não são bem uma experiência agradável, mas ele está tão maravilhado com tudo o que vê, que nem liga.
Uau! – é tudo o que consegue dizer.
Parado de frente para a parede com as ferramentas, ele fica se questionando sobre a utilidade de cada uma delas.
Antes que se esqueça do motivo pelo qual está alí, pega a chave que o pai pediu e guarda no bolso.
Hum! Acho que isso é para fazer furos… Isso é um martelo! Esse eu não faço ideia para que serve… – vai resmungando enquanto pega ferramenta por ferramenta e analisa os detalhes.
Abaixa-se e pega uma peça muito pesada e exclama:
– Nossa, que martelão!
– Isso é uma marreta! – diz o pai, parado à porta.
Com o susto, quase que Erick deixa a marreta cair no seu pé.
– Eu já ia voltar! Não estava achando a chave! – diz, com medo que o pai brigue.
Vendo o interesse do filho, o pai se aproxima.
– Sem problemas. Só vim atrás porque você estava demorando…
Apanhando uma das ferramentas, pergunta:
– Sabe o que é isso é para que serve?
– Ah, essa é fácil! É uma serra! – responde o menino.
Hum… Na verdade é um serrote. Serve para cortar madeira – corrige o pai.
A atenção de Erick está toda no pai, que animado começa a mostrar uma por uma as suas ferramentas.
São dúzias de chaves de fenda, alicates e algumas que nem mesmo eu sei o que são ou para que servem.
– Pai, mas para que esse monte de coisas quebradas? Até o liquidificador velho da vovó está aqui…
Respirando fundo, mas nem tanto por causa da poeira, o pai responde:
– Quando eu me aposentar, quero passar os dias aqui, construindo coisas.
– Que coisas? – pergunta o menino, curioso.
– Não sei… Talvez transformar o liquidificador velho, junto com outras coisas, em um robô, por exemplo!
– Nossa! – exclama Erick, que emenda:
– Mas por que esperar você aposentar? Falta muito tempo para esse dia! Assim eu também vou estar velho… Eu queria te ajudar a construir essas coisas, posso?
O pai para, pensa e sorrindo responde:
– É mesmo! Por que esperar a aposentadoria?
E olhando bem para o filho, propõe:
– Vamos começar hoje! Mas primeiro temos que limpar essa bagunça, topa?
Animado, Erick grita:
– Sim chefe!
– Então vamos trocar de roupa, porque se sujarmos essa, sua mãe vai brigar conosco!
E lá vão os dois correndo para casa, para voltar minutos depois e começar a faxina no quartinho, onde vão ficar até o anoitecer.

* Cacareco: diz-se de coisas sem valor, tralhas.

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