A cortina da sala balança com o vento gelado que entra pela janela.
– Brrr, que friozinho! – treme Duda, enquanto enrosca-se em uma montanha de almofadas.
A novela está quase acabando e ela não vê a hora de subir para o quarto, revirar o guarda-roupas.
Alguns minutos depois, lá está ela de pé em frente à cama, com uma das mãos na cintura.
– Uma, duas… três caixas com minhas roupas de frio – conta.
– Agora tenho que separar as que vou usar no outono e as para o inverno. Amanhã cedinho vou pendurá-las no varal para que percam esse cheirinho de roupa guardada – conversa sozinha e continua:
– Meu cachecol novo! Ele foi presente da tia Carmen no meu aniversário do ano passado – comemora, feliz.
– Eu nunca usei você, meu lindo! Mas amanhã, se estiver friozinho assim, vou com você para a escola – diz, como se falasse com o cachecol.
Ela adora quando faz frio! Para ela, as pessoas se vestem melhor, é mais gostoso para comer e para dormir. Só não é fácil levantar pela manhã. Ela até pensou em pedir para trocar de horário na escola, depois lembrou que é mais gostoso ficar em casa à tarde, em dias frios.
– Hum! Pipoca e chá quente… minha série preferida e depois um bom livro – sonha acordada.
Na parede do quarto, dois pôsteres lado a lado dividem sua atenção: Capitão América e Charlie Brown Jr.
O telefone toca, abafado por uma montanha de roupas. Nossa amiguinha só consegue encontrá-lo depois de desmontar metade das pilhas feitas.
– Alô!
– Oiê!
– Que bom que você ligou Mandy! Eu estou na dúvida do que usar para ir à aula amanhã… – diz animada.
O tempo passa rápido. Parece que os ponteiros do relógio estão acelerados. Logo é mais de meia-noite e ambas precisam desligar o telefone para dormir.
– Nossa, falei tanto que deu uma fome…
Leite e bolachas depois, escova os dentes e se joga debaixo de dois edredons.
Mal fecha os olhos, o celular já toca avisando que é hora de levantar, mas dessa vez ela não reclama, pois está ansiosa para estrear o cachecol novo.
– Vermelho, minha cor preferida! – confidencia para o espelho, como se ele não soubesse.
O celular toca de novo. É o alerta de que em cinco minutos a van da escola estará no portão, buzinando.
Mochila nas costas, um pão com margarina em uma das mãos e o celular na outra, desce correndo as escadas e logo já está à espera da condução.
O sol tenta em vão, acabar com a alegria dela, mas não é páreo para o vento frio que congela a ponta do seu nariz.
Lá vem a van e lá vai Duda.
Que o seu dia seja bem quentinho!
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