Foi só a mãe dizer que o levaria para passear no shopping e Guilherme correu para o banho. Lavou até atrás das orelhas!
– Nossa que menino mais bonito e cheiroso! – diz a mãe.
– Vamos? Já estou pronto!
– Só se for agora! – responde a mãe enquanto os dois saem, rindo.
Mal entrou no carro, já puxou o espelho retrovisor para o seu lado, para dar uma última conferida no cabelo. Um tapinha aqui, uma ajeitadinha ali e vamos embora.
Depois do lanche, era hora de dar uma volta completa olhando as lojas – preferencialmente as de brinquedos!
Caminhados alguns passos, nosso amiguinho arregala os olhos e aperta forte a mão da mãe.
Em sua direção vem um rapaz com um belo black power*.
– Mãe… – sussurra Guilherme.
E puxando a mãe, pergunta, sem tirar os olhos do cabelo do rapaz:
– O que aconteceu com o cabelo do moço? Ele tomou um choque?
– A mãe, mesmo pega de surpresa, não ri, pois o dono dos cabelos sorri para eles, percebendo a curiosidade do menino.
– Quer ver se é de verdade? – pergunta o rapaz, abaixando-se e incentivando o menino a tocar seus cabelos.
Guilherme vira-se para a mãe, que consente com um aceno de cabeça.
Então ele toca os cabelos, acha graça e dá pequenos apertões.
– É igual ao desenho que vi esses dias. Você tem muita coisa guardada nele? – pergunta curioso.
– Guardada nele? Não… – e depois cai na gargalhada.
A partir dai o menino começou a reparar e apontar para os cabelos de todo mundo, deixando sua mãe envergonhada.
– Mãe, olha o cabelo roxo da mulher…
– Mãe, você viu o moço com cabelo de passarinho?
– Mãe? Aquele alí é um homem ou uma mulher?
Nem mesmo a sua loja de brinquedos favorita foi páreo para o desfile de cabelos diferentes pelos corredores do shopping.
O menino tinha gostado de dois em especial: o cabelo grandão e o arrepiado que lembrava o topete de uma calopsita.
Na volta para casa a mãe estranhou o silêncio, mas não abriu a boca, assim poderia ouvir suas músicas sem interrupções.
Durante todo o tempo em que preparava o jantar, não viu mais o filho.
Mais tarde, enquanto arrumava a mesa e conversava com o marido, a mulher solta um grito:
– Guilherme! O que é isso no seu cabelo?
O pai engasga com um gole de suco e recebe alguns tapinhas nas costas.
Como se nada tivesse acontecido, o menino senta-se à mesa e responde calmamente:
– É o meu novo penteado.
A mãe, ainda assustada pergunta:
– Mas o que é esse branco espalhado pela sua cabeça?
E Guilherme, na maior inocência:
– Pasta de dentes, ué! Procurei o gel do papai em todo lugar e não encontrei…
Os pais se olham e saem correndo para o quarto.
Alguns segundos depois e a casa toda parece tremer:
– Guilherme!

* black power = nome dado a um tipo de penteado, onde o cabelo crespo tem bastante volume. O auge desse cabelo foram os anos 1960 e era usado em sua maioria pelos afrodescendentes. A tradução para o português é “poder negro”.

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