– Não seria incrível se nós pudéssemos colorir o mundo? – diz Bia, animada.
– Ué, mas o mundo já não é colorido? – responde Rafael, meio desinteressado do assunto.
A menina olha para o amigo deitado no sofá, com a cabeça quase tocando o chão e as pernas para cima, visivelmente entediado e tenta animá-lo:
– Claro que é, mas imagine se as nossas canetinhas fossem mágicas! Nós poderíamos trocar as cores de tudo! – diz, com os olhos vidrados no nada.
– Árvores cor-de-rosa, as ruas amarelo ouro, o céu verde!
Ela conseguiu despertar a atenção do menino, que senta-se no sofá e conclui:
– Peraí… as canetinhas são de colorir, mas podem desenhar também! – fala, agora muito interessado.
Jogando-se em direção da amiga, agarra-a pelos ombros e vibra:
– Bia! Você já imaginou as possibilidades?
A menina parece hipnotizada e não responde.
– Poderíamos criar um exército de super-heróis, carros voadores, zumbis mutantes e foguetes ultrassônicos! – diz Rafael, com os punhos cerrados apontando para cima.
Saindo do transe, Bia repreende o amigo:
– Rafael! Você só pensa em lutas e monstros! Você tem a oportunidade de fazer algo legal, como mudar o mundo e vai usar esses poderes para criar essas coisas feias?
– Ah tá e você quer que eu desenho o que? Um unicórnio verde água? – e sendo mais irônico ainda:
– Ou quem sabe um ursinho panda babão?
Bia está muito brava. Ela não se conforma em como os meninos podem ser tão insensíveis.
– Não, senhor Rafael, nada disso, mas eu é que não vou ficar criando armas e bichos feios, enquanto posso fazer o nosso mundo ficar mais bonito – responde fazendo bico.
O menino não deixa quieto, pois adora uma discussão:
– E você acha que se Deus quisesse que as árvores fossem cor-de-rosa, Ele já não as teria feito assim? E o céu? Verde? Só você mesma…
Bia retruca:
– Ok, então por que Deus não criou os zumbis? Você gostaria de seu um?
– Os zumbis são legais! – reclama Rafael.
– Tá, mas com as minhas canetinhas você não vai fazer nada disso – grita a menina, pegando todas da mesa e saindo correndo, com o menino atrás dela:
– Volta aqui Bia, não seja egoísta!
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