Essa é uma estória comemorativa ao Dia dos Pais de 2016 – 14 de Agosto

Ulisses não para de contar os dias na folhinha.
Ele coça a sobrancelha e conta de novo. Morde os lábios, olha para cima e fala sozinho.
– Acho que dá!
Luciana ri, mas não interrompe o marido.
Estamos às vésperas do Dia dos Pais e Gabriel está para nascer. Ulisses torce para que ele resolva antecipar uns dias sua vinda para esse mundo.
– Já pensou que loucura se ele nasce no Dia dos Pais? – diz para os amigos.
O menino vai ser o primeiro filho e a ansiedade é muito grande.
Todos os dias enquanto janta, ele fica olhando para a folhinha, fazendo contas.
A esposa não quer frustrá-lo, mas como vê que ele acredita que o filho possa nascer perto do Dia dos Pais, resolve falar:
– Amor… Você está se confundindo com essa conta das semanas da gravidez. Eu estou de sete meses. Nosso bebê não vai nascer agora – diz com jeitinho.
De boca aberta e ainda olhando para a folhinha, o marido pergunta:
– Não? Tem certeza?
Afagando seus cabelos, ela balança a cabeça positivamente.
– Mas eu contei certinho… – murmura desapontado.
No trabalho os amigos não perdoam:
– É um atrapalhado! Nem conta sabe fazer!
A mãe consola:
– Ô meu amor, no ano que vem você comemora!
Não adianta falar. Mesmo sabendo que o filho não pode nascer agora, ele está chateado porque tinha criado muitas expectativas.
– Eu estou bravo comigo mesmo! Devia ter feito as contas direito.
Enfim chega o domingo dos Pais e nosso amigo não quer levantar da cama, mas a esposa o convence dizendo que precisa de ajuda na lavanderia.
– Você não quer que eu suba na escada para pegar o sabão em pó, não é?
Contrariado e fazendo bico, vai arrastando os chinelos feito criança birrenta*.
Ao chegar na sala, seus olhos se enchem de lágrimas.
A esposa decorou tudo com bexigas azuis e brancas e pendurou uma faixa que mandou fazer:
“Eu ainda não cheguei, mas já existo! Portanto, você já é meu Papai! Parabéns pelo seu dia! Gabriel e Mamãe!”.
As lágrimas agora se tornaram um rio que desce pelo seu rosto iluminado pela alegria de se sentir Pai.
A mamãe Lú se aproxima e os dois se sentam no sofá, acariciando o barrigão.
Ops! Chutou! E chutou forte! Será que ele já está querendo sair? – diz animado o marido.
– Ulisses! Ainda falta muito tempo! – ralha a mulher.
Os dois caem na gargalhada e Gabriel continua a chutar.
Um Feliz Dia dos Pais a todos!

* birrenta: teimosa, caprichosa, de má vontade.