Jéssica não se conforma.
– Justo agora vai começar a chover?
Antes de ir trabalhar, a mãe deixou bem claro: nada de sair se chover!
A garota até tentou argumentar sobre usar uma sombrinha, mas a resposta da mãe foi negativa.
Emburrada, apoia-se na janela e fica olhando a chuva cair. Aos poucos se pega contando as gotas que batem e escorrem pelo vidro.
Tédio total, pois para ajudar, a rua toda está sem energia elétrica.
A avó, que vem todas as tardes cuidar dela, passa uma vez pela porta do quarto. Passa duas. Na terceria vez, arrisca entrar:
– Oi meu amor – diz com aquela voz doce que toda vovozinha de filme tem.
– Oi vó… – responde sem ânimo a nossa amiguinha.
Puxando uma cadeira e colocando-se ao lado da janela, a vovó aguarda o momento certo e diz, suspirando:
Diazinho chato, não? Quando eu era pequena não gostava quando chovia… Os meus irmãos adoravam, pois minha mãe deixava que eles brincassem na terra. Eles voltavam imundos para casa.
Assim a avó conseguiu a atenção da neta, que vira-se para ela e pergunta:
– Mas e você vovó? Não brincava na chuva, também?
– Não. Minha mãe dizia que as meninas tem que se comportar. Além do mais, meus irmãos brincavam só de calção e mamãe não ia permitir que eu ficasse assim, quase pelada.
– E você tinha vontade de se sujar lá fora?
A velha senhora respira fundo, olha para a chuva caindo e lamenta:
– A minha vida toda eu desejei isso. Mas aí o tempo passou, eu casei, seu pai nasceu… tive que me conformar que fiquei velha para essas coisas…
Como se um milhão de volts passassem pelo seu corpo, Jéssica pula, agarra a avó pelas mãos e intíma:
– Velha nada! O seu dia chegou! É hoje que você vai matar a sua vontade, vovó!
E antes que a senhora pudesse dizer não, estava sendo literalmente arrastada pela neta porta afora.
– Que frio! – dizem as duas quase que ao mesmo tempo.
– Pule Jéssica, pule. Assim o frio passa – grita a avó.
– Que legal! – berra a menina, olhando para cima e sentindo a chuva forte bater em seu rosto.
Mais de quarenta anos de diferença entre as duas, que nesse momento não parecia ser mais do que quatro, pois eram duas crianças se divertindo.
Dez minutos e estavam cansadas, ensopadas e morrendo de fome, por isso a avó coloca a menina no chuveiro (que bom, a energia voltou!) e vai fazer um chá para tomarem comendo biscoitos.
A noite chega, junto com a bronca da mãe que constata:
– 38 graus de febre! As duas? O que vocês aprontaram?
Com aquela carinha de matar qualquer um de dó quando estão doentes, Jéssica pede:
– Não briga não mamãe… nós só queríamos nos divertir…
Sabendo que não iria adiantar mesmo, a mãe cobre as duas e avisa:
– Amanhã nós conversamos – sai e fecha a porta.
Avó e neta se olham. Uma espera a reação da outra e juntas, riem baixinho.
– Estamos doentes, mas valeu à pena ver a vovó feliz! – pensa.

Atenção amiguinho: nada de aprontar como a Jéssica, ok? Com saúde não se brinca!

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