Jeremias estava tão ansioso em chegar à escola, que não queria tomar o café da manhã.
– Que pressa é essa filho? – pergunta a mãe, enquanto enche uma caneca com leite.
– Hoje é a festa à fantasia, esqueceu? E acha que eu estou vestido de palhaço por quê? – responde, em tom de malcriação.
A mãe quase derruba o achocolatado na mesa:
– O que você disse? – pergunta daquele jeito peculiar das mães quando ficam furiosas.
– O menino, percebendo a mancada, abaixa o tom:
– Desculpa mãe… é que eu não quero chegar atrasado hoje. Eu estou esperando essa festinha a semanas…
Hunf! – bufa a mãe, agora passando margarina em um pedaço de pão e completa:
– Pois pode baixar o giro dos motores*! Senta aqui e coma tranquilamente. Você não vai perder a hora não!
Nosso amiguinho senta-se e começa a tomar o leite, sem esboçar nenhuma reclamação.
Poucos minutos depois e ambos já estavam no portão esperando a van da escola, que mesmo antes de chegar, já se anunciava pela gritaria da criançada.
E lá se vão, piratas, presos, princesas, alguns palhacinhos e outras criaturinhas que a mãe não conseguiu identificar.
A chegada à escola foi um acontecimento! Imagine dezenas de pequenos, fantasiados e multicoloridos.
Jeremias logo localizou seu melhor amigo, o Cléber, que estava fantasiado de abelha.
– Clebão!
– Jerê!
Os amigos se abraçam e o nosso amiguinho não demora a perguntar:
– E ai, você a viu? Ela já chegou?
– Ela quem? – responde o amigo, enquanto enche a boca de balas de goma.
– Como quem? A Claudinha, claro! – diz, saltitando.
Em um idioma que talvez nem ele entenderia, por estar de boca cheia, o amigo responde e aponta para uma princesinha no fundo da quadra.
Para Jeremias foi como se todas as luzes se acendessem e os sinos tocassem.
– Claudinha – diz, suspirando.
Mas, mal pronuncia o nome da menina, seus olhos encontram ele, rodeando-a:
– Vinícius! O que esse engomadinho está fazendo perto do amor da minha vida? – reclama, enquanto caminha em direção aos dois.
Ao perceber a aproximação de Jeremias, Vinícius diz em voz alta:
– Ei palhaço, faça-nos rir! – e cai na gargalhada.
– Você é que é um palhaço – responde furioso.
E com ironia o menino rebate:
– Eu sou um pirata! Mas, se essa sua fantasia não é de palhaço é do que? Ah já sei… é de uma palhaça? – e ri mais alto ainda.
Sem se deixar intimidar, nosso Jerê responde:
– Eu estou fantasiado de palhaço, mas não sou um – e continua.
– Agora você… você é um pirata. Piratas roubam, não é isso? – olhando para Claudinha e dando a entender que gosta dela.
Você já percebeu como os inspetores de escola farejam confusão? Pois antes que Vinícius pudesse retrucar, dona Ana já estava questionando o por que dos ânimos alterados.
Como nenhum dos dois queria ir para a sala da diretora e perder a festa, disfarçaram se abraçando:
– Nada não tia! Nós estamos brincando! – dizem ao mesmo tempo.
Tão logo a inspetora se afasta, Claudinha pergunta o por que da briga.
O pirata não perde tempo e entrega:
– É o Jerê que está todo enciumado porque eu estou perto de você…
– Enciumado por quê? – questiona a menina.
– Porque ele gosta de você e acha que eu estou querendo te namorar – responde rápido o menino.
Jeremias sente o rosto queimar. As pernas bambeiam. O coração dispara. A garganta trava.
Por alguns segundos se mantém assim, mas logo que recobra o controle das pernas, sai correndo e some no meio da garotada.
Ninguém mais vê o nosso amiguinho até o final da festa.
Esgueirando-se pelos cantos, tenta chegar à van sem ser visto, mas dá de cara com a princesa, que lhe abre um sorriso enorme e coloca um pedacinho de papel em sua mão.
Você deve estar curioso em saber o que estava escrito no papel… Que tal usar sua imaginação?
* baixar o giro dos motores = expressão popular que quer dizer acalmar, sossegar.

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