Era uma vez, nos verdes vales do interior de Minas Gerais, um trenzinho chamado Maria Fumaça que ainda percorria as trilhas antigas. Diferente dos outros trens, Maria Fumaça tinha um segredo mágico: ele tinha vida própria.

Numa tarde chuvosa, as gotas d’água caíam incessantemente, transformando o mundo numa dança de pingos e poças. Maria Fumaça seguia seu caminho, bufando vapor alegremente, apesar da tempestade. Em uma pequena estação, ele avistou uma garotinha chamada Ana, que estava encolhida sob um abrigo, com olhos de quem estava com muito medo.

Maria Fumaça, com seu coração de ferro, sentiu um aperto. Ele então soltou um apito suave, como uma melodia de conforto. Ana levantou os olhos, surpresa ao ouvir o som acolhedor. Curiosa, ela se aproximou do trenzinho, que parecia piscar os faróis para ela, como quem diz “Olá!”

— Não chore, pequena — bufou Maria Fumaça com voz de vapor e carinho. — Eu estou aqui para ser seu amigo. A chuva pode ser assustadora, mas juntos podemos torná-la uma aventura.

Ana sorriu timidamente e perguntou, — Você pode falar, trenzinho?

Maria Fumaça soltou uma risadinha de fumaça branca. — Sim, eu posso. E também posso te levar a um mundo de magia. Suba a bordo!

Com um brilho nos olhos, Ana subiu no vagão do trenzinho. Enquanto Maria Fumaça seguia pelos trilhos, ele começou a contar histórias sobre lugares encantados e aventuras incríveis que já viveu. O som da chuva passou a ser uma melodia tranquila e o medo de Ana transformou-se em curiosidade e alegria.

Eles atravessaram montanhas e rios, viram cachoeiras mágicas e florestas onde os animais falavam. Ana esqueceu o medo, fascinada com cada história e cada paisagem.

Quando a viagem chegou ao fim, a chuva também cessou. Ana desceu do trenzinho, agora com um sorriso no rosto.

— Obrigada, Maria Fumaça. Você fez a chuva passar rápido e o medo desaparecer, — disse ela, acenando enquanto o trenzinho seguia seu caminho.

— Sempre que precisar de um amigo, estarei aqui — respondeu Maria Fumaça, soltando um último apito antes de desaparecer na curva dos trilhos.

E assim, Ana e Maria Fumaça criaram um laço especial. E sempre que chovia, Ana sabia que seu amigo mágico estava por perto, pronto para transformar qualquer tempestade em uma aventura inesquecível.