Em um bairro tranquilo de uma grande cidade vivia um velhinho muito simpático chamado Seu Sergio. Ele tinha um quintal cheio de plantas, mas o seu maior orgulho era um pé de goiaba que ele cuidava com todo carinho. Esse pé de goiaba, forte e robusto, presenteava Seu Sergio com as goiabas mais doces e suculentas do bairro.

Todas as manhãs, logo quando o sol nascia, ele caminhava até o quintal para cuidar de sua preciosa árvore. Ele regava a terra ao redor do tronco, adubava o solo e conversava com a planta como se fosse uma velha amiga. As goiabas cresciam felizes, espalhando um perfume doce por todo o quintal.

No entanto, não era só Seu Sergio que adorava as goiabas. Os passarinhos do bairro, sempre atentos às delícias da natureza, também eram grandes apreciadores das frutas. Eles voavam de galho em galho, bicando as goiabas maduras e transformando o quintal numa sinfonia de cantos e cores.

Mas Seu Sergio tinha uma regra rígida: “As goiabas dos galhos mais baixos são minhas,” dizia ele com um tom meio sério, meio brincalhão. “Vocês só podem comer as frutas que ficam lá no alto do pé.” Os passarinhos, respeitosos e já acostumados com as manias do velhinho, obedeciam sem questionar.

Certa vez, uma jovem sabiá, recém-chegada ao bairro, não conhecia a regra. Ela pousou num dos galhos mais baixos e começou a bicar uma goiaba vermelhinha e suculenta. Seu Sergio, ao vê-la, correu para espantá-la, balançando os braços e repetindo sua famosa frase. A sabiá, assustada, levantou voo rapidamente, e os passarinhos mais velhos lhe explicaram a peculiar tradição do quintal.

Com o tempo, a sabiá também aprendeu a respeitar as regras de Seu Sergio e todos no quintal conviviam em harmonia. As goiabas dos galhos baixos eram reservadas para o velhinho, enquanto os passarinhos desfrutavam das frutas mais altas. Era uma divisão justa e de certa forma, até divertida.

E assim, entre pequenas brigas e muitas risadas, o quintal de Seu Sergio continuava a ser um refúgio de paz e alegria. Todos os verões, o pé de goiaba se enchia de vida, oferecendo seus frutos para serem compartilhados. E embora ele gostasse de reclamar dos passarinhos, no fundo, ele adorava a companhia deles, que tornavam seus dias ainda mais cheios de vida.