Bernardo não tem amigos imaginários. Nunca teve.
Quem o vê falando sozinho às vezes, pode pensar que sim! Mas na verdade ele tem uma imaginação muito fértil.
Basta ficar parado por um instante e ele já começa a ver coisas que a maioria de nós não vê.
Deitado na grama do quintal da sua avó ele fica observando uma trilha de formigas saúva, que vão e vem.
Em alguns instantes ele já está caminhando e trabalhando com elas.
Sim! Ele se imagina como uma formiga também!
– Você aí atrás! Sim, você mesmo, magrelo! Está andando fora da formação! – diz o sargento formigão.
Bernardo desculpa-se e acelera o passo.
– Novatos… – resmunga o oficial.
– Nossa, eu tenho seis pernas! – constata o menino, surpreso.
Ops! Menino não, formiga!
Ele está tão maravilhado com a visão do mundo lá de baixo, que tromba diversas vezes com outras formigas que vem na direção contrária.
– Ei, cuidado! – diz uma.
– Ai, minha cabeça! – reclama outra.
– Desculpe, desculpe – vai distribuindo desculpas o nosso amiguinho.
Depois de muito tempo andando eles chegam a uma floresta com árvores gigantescas. Na verdade são apenas as mudas de goiabeira no fundo do quintal.
O menino não consegue se concentrar nas ordens e acaba levando outra bronca do sargento, que ordena que todas as folhas que foram cortadas, sejam carregadas para o sauveiro.
– Como eu vou carregar isso? É muito grande – pensa.
Mas instintivamente agarra uma das folhas, coloca nas costas e começa o caminho de volta.
– Uau! Como eu estou forte!
Durante um tempo ele vai e volta com folhas, até ficar entediado com a rotina e num piscar de olhos voltar a ser Bernardo, o menino.
Cansado, senta e se espreguiça.
Nisso uma abelha passa zumbindo e assusta Bernardo, que a acompanha com os olhos até que pouse nas flores da jabuticabeira.
Ele caminha até a árvore e fica admirando o trabalho da incansável abelhinha, colhendo o néctar.
Hum, eu conheço esse olhar… Puf! Adivinhem? Isso mesmo, nosso amiguinho transformou-se em abelha agora!
– Iupi! – grita feliz, voando rápido por entre as plantas do quintal.
Mas sua diversão dura pouco tempo, pois lá vem uma abelha em sua direção.
– O que está acontecendo abelha operária? Por que você não está colhendo néctar? – diz o sargento abelha.
– Caramba! Esses sargentos me perseguem! – pensa o menino.
E lá vai ele em direção às flores, cumprir sua função.
Como sempre a rotina o deixa entediado e Puf! Volta a ser Bernardo, o menino.
A experiência de voar o deixou animado e ele até está pensando em voltar a ser abelha, quando vê uma linda borboleta passando.
Tentem imaginar o que aconteceu…
Dessa vez ele não tem ninguém para lhe cobrar nada e então voa alto, abrindo bem as asas e planando suave.
Cuidado Bernardo! Tem um passarinho vindo em sua direção e está com cara de muita fome!
– Bernardo, vem almoçar! – grita a avó.
Ufa, foi por pouco! Quase nosso amiguinho vira almoço de pardal!
Sentado à mesa ele saboreia as delícias feitas pela avó, mas acaba fixando o olhar no aquário da casa.
Adivinhem o que aconteceu?
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